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Zé Duarte, «Jazzé»

José Duarte, militante do Jazz, 1938 - 2022

José Duarte era um militante do Jazz. Ele distinguiu-se como comunicador, sendo um dos protagonistas notáveis do Jazz nacional.

O início da sua actividade remonta ao final dos anos 50, quando conheceu Raul Calado, tendo sido um dos fundadores do Clube Universitário de Jazz. Comunicador nato, a sua actividade espalhou-se pela rádio, a televisão, as letras ou a internet; mas ele será conhecido como a voz dos Cinco Minutos de Jazz, programa a que deu corpo desde 1966 (com um hiato entre 1975 e 1984), na Rádio Renascença, Rádio Comercial, e até hoje, na RDP. Durante décadas o público ouviu-o, cinco minutos por dia, interrompendo Lou's Blues, um tema do saxofonista Lou Donaldson, e que parecia ter sido composto para ele. E se ele era já uma figura conhecida, o programa Outras Músicas da RTP2 (1990-1993), deu rosto à voz.

Na rádio, com programas – a sós ou com outros protagonistas - como A Menina Dança, Pão com Manteiga, À volta da meia-noite, Abandajazz, Jazz Com Brancas; nos livros com João na Terra do Jaze, Jazzé e Outras Músicas, Cinco Minutos de Jazz, História do Jazz, Jazz, Escute e Olhe , Poezz e O Papel do Jazz; nos jornais, profusamente, desde 1960; em conferências e debates; foi pioneiro na internet, ainda, com o site JazzPortugal, desde 1997; e nos últimos anos também como Professor Auxiliar na Universidade de Aveiro; ele era um activista, um militante, e um divulgador com dotes invulgares de comunicação. Para o grande público, talvez, ele detinha um capital de reconheciemnto que ultrapassava o de Luis Villas-Boas, o pai do Jazz nacional.

A sua paixão pelo Jazz levou-o a uma proximidade com os músicos e um conhecimento que ganhou dimensão internacional, sendo o único crítico de Jazz nacional a votar na International Critics Jazz Poll da revista ‘Down Beat.

Faleceu hoje. Personalidade complexa (não o somos todos?), nos últimos anos, também afectado por doença prolongada, a sua actividade diminuiu, mas a História do Jazz nacional não pode ser escrita sem o nome de José Duarte, onde ocupa lugar cimeiro.

Leonel Santos